O Princípio...

...Surge algo… Vem de lá, das terras que desconhecemos… Vai para lá, para o porto onde chegaremos… Viagem, passeio, périplo, momento. Diz-me o que sou, Diz-me o que quero ouvir ou aquilo para que existo...



...Surge algo… Não sei de onde vem, nem quando aparece… Não sei para onde vou… Viagem, passeio, périplo, instante. Sei o que sou, Sei o que não quero ver, Sei que já não existo!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Morte


A calma que sinto só pode ser fruto de te ter tocado. A tua constância em minha vida trouxe-me uma paz nunca antes sentida, completamente desconhecida até então.

Aquela dor, aquele sofrimento inicial da nossa relação conturbada e assente no medo, deu lugar à pacificidade, à entrega.

A certeza de que me abraçarás quando te chamar, a certeza de que te abraçarei quando sentir chegado o momento.

Como podemos recear algo que faz parte de nós? Nunca encontrei ninguém que tivesse medo do seu próprio braço, da sua mão.

Não, neste momento já não te receio. Vejo-te com beleza e há-se chegar o momento em que será um aconchego enrolar-me em ti.

De todos as vontades, os desejos, medos, ambições que já senti em mim...aquela que mais poder teve na minha vida foi a procura incessante de ti! Sentir-te em mim de forma nítida. Saborear-te de forma crua. Ser-me através de ti!

Acho que sempre norteaste a minha vida, o meu sentir, o meu pensar...Estiveste sempre presente, mesmo quando ainda não tinhas contornos nítidos, mesmo quando ainda não te via. Companheiro, parceiro, amante, amigo. Acompanhaste-me sem nunca te teres insinuado, sem nunca teres forçado a tua presença. E, no entanto, sempre lá, sossegadamente lá, desejada ou indesejadamente lá.

A verdade é que ao fim destes anos, destes breves instantes ainda não consigo tocar-te e quando conseguir será sempre tarde demais. Às vezes sinto vontade de te chamar até mim, de me embalares num último sono... mas muito raramente porque me sinto feliz, profundamente feliz. Necessito de ti para ser feliz? Não sei, mas seguramente após ter pegado na tua mão o mundo tornou-se mais intenso – para o pior e para o melhor.

Deixa-me viver enquanto a vida me chamar, enquanto a vida me fizer estremecer e leva-me a passear quando chegar a altura da despedida final.

Quero dizer adeus consciente e corajosamente como quem foi capaz de colocar um ponto final na sua própria existência...como quem sabe que o livro está terminado.

Caminho para a Morte como quem se senta numa sala de cinema e aguarda o início do filme.
* Imagem da pintura "O Beijo" de Klimt

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